VARAL DE MEMÓRIAS

Durante o ano de 2021 o Grupo de estudos e pesquisas sobre infâncias, práticas educativas e formação de professores (GEPIEIFOP) vem realizando ações de extensão e solicitando de diferentes formas que atores que construíram a história da Paulistinha possam registrar suas memórias e compartilhar conosco.

Inspiradas no trabalho do Museu da Pessoa (https://museudapessoa.org/) fizemos chamadas em diferentes ocasiões para a coleta de memórias.

Esperamos que apreciem essas histórias incríveis e, se fez ou faz parte da Paulistinha, possam contribuir com outras tantas.

(Se houver interesse, entre no site: https://gepieifop.unifesp.br/extens%C3%A3o/em-andamento/varal-de-mem%C3%B3rias.)

Venha conhecer essa parte importante e, por vezes, inédita da nossa querida paulistinha!!!

Marina Gomes da Silva

(Aluna ou ex-aluna da Escola Paulistinha - relato realizado em 27/03/2021)

Tenho tantas lembranças dessa escola, que ficaria horas escrevendo.

Tudo começou quando minha mãe queria muito que eu estudasse na Paulistinha, porém ela e meu pai não trabalhavam no HSP.

Me recordo que fiz uma provinha, tipo um Vestibulinho para avaliar o meu conhecimento e ser uma forma de moradores da região ingressarem na Paulistinha.

Fiquei menos de 1 mês na outra escola e logo consegui entrar na primeira série da Paulistinha. Acho que me lembro de todas as professoras, em ordem cronológica, Márcia, Alessandra, Janaína e Magali.

Lembro de todos os lances de escadas que tínhamos que subir todos os dias, os intervalos eram no terraço, onde de um lado ficava a quadra e do outro um espaço livre. Próximo ao elevador subia nosso lanche. Mas preciso confessar uma coisa, eu não gostava, principalmente quando era suco de limão e pão com margarina sem sal rs. Na nossa época não podia levar lanche.

Na primeira série, todas as sextas feiras era dia de descer para brinquedoteca ou para o parquinho. Depois começamos a descer para a biblioteca, e algumas vezes tínhamos aula de informática.

Como mencionei acima que eram alguns lances de escada, em uma das vezes eu indo embora, consegui cair do segundo degrau e quebrei meu cotovelo. Precisei fazer cirurgia, fiquei alguns dias internada no HSP, e me lembro que recebi a visita das professoras e que elas levaram várias cartinhas que os meus amigos tinham feito para mim. Me senti muito querida e acredito que foi um dos momentos que mais marcaram para mim. Tenho lembranças de quando ensaiávamos para as festas juninas, das aulas livres com música, de quando terminava a lição e podia desenhar, do mimeógrafo elaborando nossas atividades. E claro, aquele cheirinho de álcool delicioso (risos).

Me lembro também que eu tinha muito problema para meus dentes caírem sozinhos e sempre precisava ir no dentista que tinha na escola para arranca-los.

E os dias que passávamos flúor nos dentes? Nossa antes de ir para a escola passava fio dental, escova bem escovadinho para não ficar com a boca tão azul, porque nós sabíamos que se ficasse muito azul era por não escovava direito os dentes.

Estudei de 2000 à 2003 e foram anos importantes para meu desenvolvimento, pois antes de conseguir entrar na Paulistinha, fui para uma outra escola em que eu tinha medo de frequentar, chorava para não ir. Lá, tinham alunos de 16 anos na quarta série e que furavam a fila da cantina e se a gente reclamasse, eles bateriam em nós. Minha mãe estranhou, pois, na pré-escola, eu chorava quando não tinha aula, queria ir até doente e ela tinha que inventar que telefonava na escola e que não tinha aula.

Se eu não tivesse conseguido entrar na Paulistinha, acredito que minha jornada estudantil teria sido muito diferente, talvez eu nem tivesse chego onde cheguei, por medo e vontade de não ir pra escola.

Obrigada por cada momento, obrigada pela oportunidade!

Honrada em fazer parte dessa história.

Nádia Massagardi Caetano Silva

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 14/07/2021)

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Vivi na Escola Paulistinha um dos meus anos mais felizes como professora em 2019, com a turma dos gigantes de todas as cores. Investigamos os gigantes da pré-história e na companhia deles vivenciamos bonitos encontros e aprendizagens. Foram muitas perguntas, pesquisas, experiências, criações, brincadeiras...

Devo à escola Paulistinha meu afeto e gratidão pelos encontros com crianças e adultas possibilitados. Há muito a ser comemorado nesses 50 anos de existência da instituição!

Vanessa Aparecida de Almeida

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 09/06/2021)

Durante a leitura da pergunta descrita acima, me veio na lembrança.

Num certo dia, as emoções de um grupo de crianças de 5 anos extremamente eufóricas para sair do espaço da escola, e percorrer o entorno do prédio para uma proposta, que naquela semana brincávamos o Carnaval da Cultura Popular.

Todos com suas produções, com seus adereços e com os instrumentos prontos para agitar esse momento tão mágico, alegre e cheio de aprendizado.

E ao retornar nos posicionamos em roda, e conversamos sobre o que acabava de acontecer, e as falas de encantamento de experimentar esse momento tão especial, deixou registrado a importância de propor para nossas crianças experiências nas múltiplas linguagens...foi LINDOO!

Marcela Valentim

(Ex-aluna da Escola Paulistinha - Relato realizado em 13/05/2021)

Se me perguntassem qual foi a melhor lembrança da minha infância, sem dúvidas eu iria responder que foi na época que eu estudava na paulistinha.

Lá foi onde eu cresci, fiz muitas amizades que trago até hoje na fase adulta. Eu passava mais tempo na escola do que em casa e isso eu lembro disso tanta com saudade. E todos os funcionários, as professoras, o pessoal da coordenação, as tias da limpeza, os seguranças e a diretora eram uns amores, todos tão acolhedores.

Ah se eu pudesse voltar no tempo, já me vejo correndo pela quadra e tomando banho de chuveirão.

Eu fui muito feliz nessa escola e espero que por muitos e muitos anos vocês transformem a vida de muitas outras crianças!

Liliane Ramos Lopes

(Funcionária da Escola Paulistinha - Relato realizado em 09/06/2021)

Esta lembrança é recente apesar de estar na Paulistinha a 26 anos. Lembro que tivemos alguns dias para conversar com as crianças e convidar as famílias para este encontro, algumas Professoras se juntaram para escrever a letra da música e as crianças, todas empolgadas por estar prestes a sair para festejar o direito da criança. Neste dia logo que chegamos preparamos a caixa de som para tocar a música que todos nós sabíamos a letra, e íamos cantar mesmo com um trajeto curto ao redor do prédio da escola, mas foi um dia muito feliz todos cantando assim terminou nosso passeio chegamos cansados, porém satisfeito com o desfecho da nossa caminhada.

Bruna Breda

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 17/06/2021)

Dentre as muitas lembranças, quero compartilhar a "Festa da Bruxa".

A Festa da Bruxa foi o último evento de um projeto idealizado pela Naiara Francini e construído em conjunto. No segundo semestre de 2017 Naiara e eu éramos as professoras recém chegadas na turma do Maternal 2 C. Foi uma turma maravilhosa, um semestre maravilhoso em que vivemos uma aventura de preparar tudo para uma festa com a Bruxa, que descobrimos ser boazinha.

Agradeço a Fabiana Godoi por ter sido a Bruxa nesse processo... falando ao telefone e nos visitando para comer pão de queijo e sagu com groselha!!!

Deborah Tortoreto Cuchi

(Funcionária da Escola Paulistinha - Relato realizado em 30/06/2021)

Para mim foi muito significativo conseguir organizar o espaço do CIJ. Isto porque na ocasião não tínhamos recursos e a equipe de limpeza estava indisponível para nós. Eu queria organizar o espaço durante as férias das crianças porque era impossível fazer isto em período de aulas. Lembro que a professora Fernanda me ajudou a revestir algumas mesas, corrimões e estantes. Foi uma alegria para as crianças e professoras encontrar o espaço revitalizado no seu retorno.

Posteriormente, a Professora Fabiana Paiva também revitalizou o espaço.

Alessandra Carvalho Moreira

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 15/06/2021)

Minha história e memória da Paulistinha.

Entro na Paulistinha em 1999, como auxiliar de sala no agrupamento do Maternal II, gestão era composta pela Fernanda (não me recordo o sobrenome), Lucia Medeiros, Marlene Cruz, Gorete dos Santos. O reitor Professor Dr Hélio Egídio e a professora Catarina.

A maioria das educadoras eram auxiliares de sala e plantonistas que faziam doze por trinta e seis, (um dia sim e um dia não e trabalhavam aos finais de semana), pois a Paulistinha não fechava.

As crianças que frequentavam a Paulistinha eram filhos de funcionários, como os dias atuais, mas não era aberta para a comunidade, como hoje em dia, somente filhos de funcionários do Hospital e da Unifesp que frequentavam.

Em 2000 não me recordo muito bem, mas teve um questionamento dos funcionários (auxiliares de sala) porque não “promover”, ou dar o direito das auxiliares em passar a ser professoras.

Foi quando muitos educadores foram demitidos e começaram a contratar professores com formação em pedagogia, como muitos destes contratados não se adaptaram a rotina da escola, que era 12horas de segunda a segunda.

A gestão em 2001 começou a promover as auxiliares que estavam cursando pedagogia, as auxiliares passaram a função de professoras de educação infantil com carga horaria de meio período, foi o que aconteceu comigo (Alessandra) passei a ser professora de educação Infantil em 01/06/2001.

Durante estes anos teve diversas gestões: Fernanda, Professora Conceição, Adriana, Sheila, Carla, Tania, Lilian entre outras.

Minha primeira Turma quando fui promovida foi o Pré, nomenclatura que usávamos para referimos ao 1 ano de hoje. Foi junto com a professora Monica, com 25 alunos.

Segue a foto da turma e de minha colega de sala Monica.

A formatura era uma festividade esperada por todos da escola(familiares), pois era a transição das crianças para o ensino fundamental.

A formatura era uma cerimônia no anfiteatro, as crianças utilizavam becas, tinha uma formalidade, com fotos, convidados representando a reitoria, familiares.

A cerimonia simbolizava a troca de canudos, a entrega do diploma da Educação Infantil, esta festa foi realizada por muitos anos.

Ana Paula Santiago do Nascimento

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 14/08/2021)

Muitas histórias importantes poderiam ser contadas aqui, dentre tantas, vou escolher uma que possa sintetizar as parcerias criadas entre educadoras que trabalham comigo e entre as crianças; que realizamos nos anos de 2017. Relembrar momentos que passamos na escola presencialmente, nesse momento de mais de um ano de isolamento (na medida do permitido) e de (muito) trabalho remoto, é bastante importante para meu trabalho como docente. Inicialmente quero destacar que esses cinco anos de trabalho na Paulistinha (que representa 10% do tempo de sua existência) reforçaram a importância da educação pública, laica, democrática... para que possamos garantir o direito à educação das crianças, independente da classe social que ela se vincule. Nesse ano (2017) trabalhei com o infantil I junto com a professora Meire; nossas turmas sempre estavam juntas e conseguíamos realizar um trabalho que era ao mesmo tempo autoral e coletivo. Tínhamos como vizinhas o Maternal I A e B; e uma sacada (que chamávamos de quintal) comum as quatro salas. As crianças realizavam as atividades propostas em sala e podiam ir para o quintal brincarem um pouco...também as crianças do maternal I A (professora Dilma) tinham essa dinâmica. Desta forma, as crianças dos dois infantis I e do maternal IA sempre se encontravam no quintal. Depois de um tempo, começaram também a se sentirem a vontade para se encontrarem também nas salas...já nos considerávamos íntimos; era uma brecha é o infantil I já estava na sala dos bebês; uma outra brechinha e já tínhamos um "bebê" sentado na mesa do infantil I pedindo uma folha para também participar da atividade de pintura. Também tínhamos a presença de uma criança do berçário II (que vinha visitar o maternal I), que sempre passeava pela varanda. Essa convivência entre as idades das crianças, por um período do dia em que permaneciam na escola trouxe muita aprendizagem para elas e para as professoras. Consigo visualizar o que pesquisadores da área indicam em seus estudos no que se refere à: i) interação entre idades; ii) adultos responsáveis pelas crianças da escola (e não pelas crianças de sua turma); iii) crianças-crianças, adultos-adultos, crianças-adultos se respeitando em suas potencialidades, limitações e vontades. Quando três professoras (consciente do seu papel dentro de uma instituição escolar) e (quase) 70 crianças de 3 (três) a 5 (cinco) anos de idade "decidem" compartilhar suas experiências e conhecimentos, conviverem e se alegrarem com esse estar junto acontecem coisas incríveis!!!

Vanessa Ribeiro Leôncio

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 15/06/2021)

Histórias, memórias e identidade

Relato de uma professora

Minha trajetória na Paulistinha é recente, sou professora de Educação Infantil a 12 anos e apenas 3 anos no NEI, atualmente estou com a turma do maternal-1.

Em 2018 tive a oportunidade de chegar na Paulistinha e o prazer de estar ao lado de profissionais excelentes, as pessoas desta escola me acolheram muito bem, confesso que alguns são poucos conhecidos já outros se tornaram grandes amigos, mas todos admiráveis, me sinto muito feliz em fazer parte dessa equipe que hoje está comemorando os 50 anos desta instituição carregada de histórias e de lutas de mães trabalhadoras que lutaram pelos seus direitos e de seus filhos de estudar em uma escola de qualidade.

Aqui também me deparei com um modelo de escola totalmente diferente das quais tinha passado anteriormente, nessa escola aprendi o que é ser professor mediador das ações das crianças e que os pequenos são os verdadeiros protagonistas, em outras escolas eu sempre tinha que seguir orientações pré-estabelecidas por algum superior, planejar conteúdo sem ouvir as crianças ou trabalhar com conteúdos de apostilas.

Hoje sou outra professora, minhas práticas mudaram porque está instituição me capacitou através de suas formações, também tenho uma outra visão de criança que é sujeito de direitos, que tem que ser acolhida junto com suas famílias quando chega a escola, que tem que ser ouvida, que brinca livre e aprende, enfim que busca e investiga para conhecer o mundo.

Escrevo para retribuir o carinho recebido e os aprendizados partilhados sou muito grata por ter a parceria de todos e principalmente com o trabalho desenvolvido com as crianças.

Mesmo neste momento tão difícil que estamos vivenciando não podemos deixar de contar a história e de comemorar os 50 anos desta instituição, também não posso deixar de recordar que este ano festejamos os 100 anos de Paulo Freire, por isso compartilho um poema carregado de palavras que me toca e mostra o que é uma escola ou essa escola.

Escola é

... o lugar que se faz amigos.

Não se trata só de prédios, salas, quadros,

Programas, horários, conceitos...

Escola é sobretudo, gente

Gente que trabalha, que estuda

Que alegra, se conhece, se estima.

O Diretor é gente,

O coordenador é gente,

O professor é gente,

O aluno é gente,

Cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um se comporte

Como colega, amigo, irmão.

Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”

Nada de conviver com as pessoas e depois,

Descobrir que não tem amizade a ninguém.

Nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,

É conviver, é se “amarrar nela”!

Ora é lógico...

Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,

Fazer amigos, educar-se, ser feliz.

É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.

Paulo Freire

Encerro aqui o meu breve relato com essa reflexão e muito grata fazer parte dessa história.

Andrea Silva Chagas

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 10/06/2021)

Meu nome é Andrea Silva Chagas tem 44 anos, trabalha na Paulistinha já a 19 anos. Entrei como auxiliar de sala e hoje sou professora na educação infantil; tenho um filho chamado Murilo Augusto que estudou na Paulistinha até 2020, saindo do 5º ano. Me sinto privilegiada por ter conseguido a vaga do meu filho na Paulistinha, podendo ter contato com ele o dia inteiro, pois trabalhava 9 horas por dia. Gostaria muito de agradecer a todas as funcionárias da escola, pois meu filho Passou 11 anos na escola e foi muito gratificante ter um olhar diferente – olhar de mãe – e ver o carinho que elas tinham com ele. Fiz muitas amizades com pessoas que saíram e também chegaram na Paulistinha; praticamente considero parte da minha família. Confesso que como funcionária nem tudo era um mar de rosas, tivemos momentos de conflito e isto faz parte do nosso crescimento e aprendizado.

Me recordo que aprendi a desenhar na escola, pois fiquei responsável pelo mural do corredor com ajuda de outras profissionais da escola fui aprendendo a desenhar e hoje agradeço muito, pois arte faz parte da minha vida. Trabalhei também no fundamental foi uma experiência muito agradável, mas gosto mesmo é de trabalhar com os bebês.

Rosimeire Andrade de Jesus

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 16/06/2021)

O NEI Paulistinha realizou o primeiro congresso, foi um movimento muito marcante, as professoras deram tudo de si para a realização do mesmo, tivemos a oportunidade de apresentarmos nossos trabalhos desenvolvidos durante o semestre. Tive a oportunidade de apresentar o trabalho sobre a vida dos fulni-ô, uma etnia indígena que vive em Águas Belas (PE) com as crianças do infantil 2 em 2019.

Um relato de 2021...

No início do ano letivo nos organizamos para realizar atividades com discussões sobre a cultura popular, usando as comemorações do carnaval como disparador. Esse ano a artista escolhida foi Lia de Itamaracá, foi uma experiência muito marcante, devido a pandemia do covid 19, desde o ano passado estamos realizando encontros remotos com as crianças. Nossas conversas giraram em torno da artista, de suas cirandas e da cultura pernambucana. Fizemos um instrumento musical com a professora Fernanda ganzá. As crianças demonstraram interesse, fizemos até gravação cantando ciranda. Uma das crianças falou que seria bom se fossemos p ilha de Itamaracá...tivemos a ideia de fazer um passeio virtual a Ilha de Itamaracá, iniciamos com uma lista do que levar para a viagem...todos nós estávamos com uma expectativa muito grande para a viagem, as famílias nós ligavam perguntando quando ia ser (embora fosse só virtualmente). Escolhemos a professora para ser piloto e uma criança co-piloto, tiveram que tirar uma carteira porque não iríamos viajar com eles, no início tinha criança que queria ir de bicicleta, de carro porque tinha medo de viajar de avião, outras estavam preocupadas porque era a primeira viagem sem os pais. Tivemos direito a passagem de ida e volta para a ilha. No dia anterior já estávamos com as malas arrumadas, as crianças nos enviavam fotos e vídeos preparando as suas malas. O grande dia chegou… fomos todos para o aeroporto, todos conseguiram chegar a tempo, ninguém perdeu o voo, tivemos até alguns convidados. Quando chegamos em Pernambuco, tinha uma van nos esperando, durante o percurso até a ilha tivemos a oportunidade de conhecê-la melhor. Chegamos a pousada, almoçamos e iniciamos a nossa programação, depois do almoço visitamos duas praias, os guias turísticos fizeram brincadeira com as crianças e para finalizar realizamos uma festa, antes da festa colocamos uma roupa bem bonita e passamos na cabine de fotos para deixar registrado. Depois da festa retornamos para São Paulo. Foi um dia cheio de brincadeiras, imaginação e sem dúvida muito marcante.

Obs: no dia anterior enviamos um vídeo para as famílias explicando sobre o padlet, dessa forma poderiam enviar as fotos, comentários e vídeos das crianças lá.

Dilma Antunes Silva

(Professora da Escola Paulistinha - Relato realizado em 01/08/2021)

Meu nome é Dilma, sou professora EBTT na Paulistinha desde março de 2016. Anterior a isso, fui professora na Rede Municipal de Educação de São Paulo, e de Santa Isabel. Também já atuei como educadora em entidade beneficente. Cada uma dessas experiências profissionais foi/tem sido únicas e refletem de memórias e sentimentos que dizem respeito a pessoas, espaços, situações... Cada qual teve/tem grande influência na minha constituição profissional.

Minha trajetória na Paulistinha é permeada de diferentes contrastes. Da chegada: espanto, dificuldades para aceitação e construção de sentimento de pertencimento ... No decurso dos anos: bonitezas e delicadezas, na companhia de diferentes grupos de crianças... encontros e desencontros.... desafios novos, aprendizagens novas, possibilidades outras... Para celebrar os 50, a memória que quero compartilhar é a de uma escola reunida para discutir a qualidade; para festejar, sobretudo, a vida. Uma de minhas memórias mais bonitas da Paulistinha remete ao ano de 2017 em que realizamos um sarau, cultivamos minhocas, aprendemos sobre cobras; continentes... na companhia de crianças maiores (do Infantil I), dançamos e brincamos na terra, na água, no raio da luz projetada em sala. Criamos e recriamos ritmos, sons, cores...

Barbara Fortunato

(Ex-aluna da Escola Paulistinha - Relato realizado em 13/05/2021)

Hoje com 19 anos, posso dizer que a despedida da Paulistinha foi uma das mais difíceis que presenciei. Como me despedir de um lugar em que passei mais da metade da minha vida, indo de segunda à sexta, e ficando em períodos integrais? Após a minha saída, ainda me questionava sobre isso.

Já na nova escola, sentia falta da família que escolhi ter. É muito complexo dizer tudo o que a Paulistinha significou e significa para mim, o quanto de pessoas que eu tive o prazer de conhecer. Mas houve algumas personalidades que me marcaram profundamente, e que fizeram da Paulistinha um ambiente em que as crianças nunca quisessem ir embora.

Eu me lembro de ansiar pela ida à escola, coisas que só a Paulistinha faz. Eu gosto de lembrar que a Paulistinha sempre teve vida própria, cada ambiente tinha sua história para contar. O sonho de todo paulistinha era entrar na salinha do Tio Chiquinho, e era de se encantar todas as câmeras que havia lá, e assim se acabava o mito de as câmeras em nossas salas não funcionarem. Como se ele precisasse, todo mundo sabia que Tio Chiquinho tinha olhos nas costas rs.

O subsolo era um lugar que envolvia muita brincadeira e imaginação, mas que era envolto de muitas histórias macabras sobre aquele banheiro que todo mundo tinha medo de ir (KKKKKK).

Lá havia também uma rampa, que levava até um portão de saída para rua de trás, e a curiosidade que tínhamos de saber até onde aquela rampa nos levava, era muito mais forte que o medo de levar alguma bronca da professora quando nos visse. O refeitório era tido como um ambiente sagrado, já que, né, quem não gosta de comer? Era momento de organização, e muita reza para que a professora nos deixasse sentar onde quiséssemos, e não se esqueça de segurar a bandeja com firmeza, já que se ela caísse no chão, um grande “EEEEEEEE” era ecoado no ambiente (só quem viveu sabe). Havia os espaços de recreação, e o mais cobiçado de longe era a quadra da Nike, pelo menos era assim que era chamado enquanto eu estudava lá, já que essa quadra já teve outros nomes e foi modificada algumas vezes. O solário e quadra não ficavam para trás, desempenhavam um papel importantíssimo, em todas as gincanas realizadas ali. “A biblioteca te abraçava quando você entrava, e era um lugar planejado perfeitamente para você entrar e não querer sair nunca mais lembro dos livros mais marcantes da minha infância, em que todos foram lidos lá, “Menina bonita do laço de fita”, “A casa sonolenta”, “A zebrinha preocupada”, “Tanto Tanto” fizeram parte do meu repertório de livros, e incentivou diretamente no fato de eu amar ler atualmente. E não podemos esquecer da dentista, a qual eu particularmente amava ir, mas havia aqueles que corriam. Você pode conhecer crianças que não gostam de ir ao médico, mas conhecer algum paulistinha que não gostava de ficar na sala de saúde, era difícil, até nas situações mais graves, nós gostávamos de lembrar que passamos gelo – que era congelado na bexiga, e isso era algo extraordinário para nós na época - em nossos machucados, e ficamos deitados por um tempo na maca, só sentido os cheiros e sensações daquela sala muito particular. São tantas memórias, tanta coisa boa que me ocorreu nesse período, que por mais que eu quisesse muito, eu não conseguiria agradecer de forma igualitária ao bem que essa escola me fez. A contribuição em relação às atividades extracurriculares foi crucial para o meu crescimento e desenvolvimento como pessoa. Fiz aula de música na Paulistinha, e descobri uma grande paixão de infância. Convenci minha mãe a me colocar na natação e aprendi a nadar rs. Fiz capoeira, e adorava, e por fim o teatro, ah! O teatro, minha paixão pelos anos após a saída da Paulistinha. Considerei até em seguir carreira.

Eu sei quão essencial a Paulistinha se fez na minha formação acadêmica e pessoal. Sou extremamente grata por todas as lições aprendidas, os bons e maus momentos vividos, a construção de memórias que nunca serão esquecidas, e de tudo isso, o meu maior presente, que são as amizades que tenho até hoje da época de berçário.

À Paulistinha minha eterna gratidão e admiração.

E você, tem alguma memória sobre a Paulistinha que quer deixar registrada por aqui?

Entre nesse site https://gepieifop.unifesp.br/início e registre a sua história sobre a Paulistinha...